top of page
  • Foto do escritorWalfredo Rodrigues

E aí, você moraria no Centro de BH? Prefeitura e empresas podem até bancar aluguéis

Pesquisadores e urbanistas refletem que prédios ociosos espalhados pelo hipercentro de BH.




O professor universitário Luiz Guilherme Fonseca, 33, vive no mesmo bairro há quase 20 anos, 11 deles na mesma rua, onde conhece o dono da vendinha de frutas pelo nome e, como os vizinhos mais antigos, frequenta a pequena farmácia local sempre que precisa. “Faço tudo do dia a dia na minha rua e penso muito antes de ir para outro lugar. Quem mora aqui acha um lugar pacato”, conta, do alto do 14º andar de um prédio decorado com cobogós redondos de décadas passadas. A descrição pode parecer a de um bairro interiorano nas imediações de Belo Horizonte, mas, na verdade, retrata o centro, bem entre a rua dos Guaranis e a avenida Paraná, onde pastelarias se misturam com cartórios, armarinhos, lojas de roupa e uma multidão passa para cima e para baixo, todos os dias, rumo às estações do Move ou vindo da Estação Central do metrô.


Como Luiz Guilherme, cerca de 17 mil pessoas vivem no Centro, de acordo com dados mais recentes da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) — o número pode ser maior, pois a estimativa leva em consideração o Censo de mais de uma década atrás. Em dez anos, a população do bairro ganhou menos de 1.000 habitantes, segundo essa aferição, um crescimento de 6,5%. Mas ela poderia ser muito mais adensada, já que um levantamento da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) calcula, também com base no último Censo, que a população do Centro e arredores poderia ser duas vezes maior.


De olho na economia da capital, adensar a região é um objetivo comum da prefeitura, de empresários e do mercado imobiliário, e pode envolver, inclusive, pagar para que pessoas se mudem para o centro da metrópole. No último mês, o Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Belo Horizonte (Codese-BH), que reúne entidades do setor privados para repensar a organização da capital, contratou o urbanista que modificou a face do centro do Rio de Janeiro com atração de moradores para planejar opções para BH. E são várias as opções de moradia, já que um levantamento da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI-Secovi) indica 809 unidades à venda e 301 disponíveis para aluguel na cidade. Há, ainda, uma quantidade considerável, ainda não mensurada pelas autoridades, de imóveis desabitados e com potencial de virarem moradias.


Além de esforços para atrair moradores para prédios antigos, que são reformados até parecerem novos em folha, a iniciativa privada e membros da prefeitura também cogitam lançar subsídios para bancar aluguéis no centro da capital. No início da pandemia de Covid-19, o dono do Shopping Oiapoque, o empresário Mário Valadares, testou essa possibilidade e substituiu o vale-transporte de alguns poucos funcionários por um “vale-moradia”, subsidiando a estadia deles em apartamentos a poucas ruas do shopping popular.


Agora, ele estuda comprar um hotel na região e reformá-lo para comportar apartamentos para todos os funcionários que desejem se mudar para o centro. “Isso diminui o problema viário, porque pessoas morando perto de onde trabalham causam menos trânsito. E as pessoas trabalham mais motivadas. Hoje tenho funcionários no Oiapoque que moram em Betim e demoram horas para chegar ao trabalho, ainda mais na chuva”, diz. Na ideia de Valadares, a empresa arcaria com a maior parte do aluguel do funcionário — em substituição ao pagamento do vale-transporte. Ele defende que iniciativas deste tipo poderiam ser apoiadas pelo poder público com redução do IPTU de empresas que subsidiam a moradia aos funcionários, por exemplo.



Expediente:

Imagem: PBH (Ascom)

Fonte: Jornal O TEMPO (Gabriel Rodrigues) e Prefeitura de BH

Edição: Walfredo Rodrigues



Siga nas redes sociais:

Comments


bottom of page